O VERDADEIRO SENTIDO DE “REPÚBLICA”


Por mais que tenhamos convenções conceituais da política, economia, direito, a palavra república tem uma significância mais contábil, não apenas pela história mas pelo cerne do vocábulo. Ela, numa separação sintática, significa “res”( res, re, rem ou rex - coisa), “publica”( publios – povo, cidadãos, público), ou seja, “coisa de todos” ou “coisa do povo”, “coisa pública”. No direito das coisas, o termo “coisa” é tratado como igual a patrimônio, então, “patrimônio público”. 
A palavra república significa então “patrimônio público” ou “coisa pública”. Não a confundamos com modelo político de administração, que pode ser a democracia, aristocracia, oligarquia, tirania, etc. O termo república significa “patrimônio público”. Termo contábil, histórico-etimológico.
Por ser de estirpe contábil requer outras informações importantes.
O termo “res” pode ser usado para designar coisas ligadas ao pensamento então será “rem”, ou até mesmo coisas patrimoniais diretamente então “re” ou hora “rex”, claro que a última palavra não é tão usada.
O termo “rex” tem uma explicação peculiar como toda palavra do latim que tem “x” demonstra “coisa importante”; o que é um “rex”? É o rei. E quem é ele? A pessoa que lida com o patrimônio social de modo muito mais importante, por tal tem o “x” ao final (uma das últimas letras do alfabeto indicando finalização e relevância); as palavras que apenas possuem o “x”, também o são, por isso, os termos “xeque-mate” ou “xoel” que são designativos de coisas sublimes e enfáticas. 
Na linguagem societária era usado para empresas com objetivos comuns, societas rex unius (sociedade de coisa única ou finalidade comum). 
O vocábulo “público” vem de “publios” o mesmo termo que gerou a “tribuna” e igualmente o “povo”, “cidadão”, “gente”, “nação”, etc. Portanto, algo público, patrimônio público.
Então o sentido real de uma república é BEM GERENCIAR O PATRIMÔNIO PÚBLICO VISANDO O BEM DOS CIDADÃOS.
Quem exerce a política pode ter rendas? Sim. Mas não pode enriquecer à custa do patrimônio de todos. Ora cada um na circunstância da vida, e nas oportunidades que tem, pode e deve enriquecer ou manter uma vida controlada, modesta, suficiente. Isso com o seu trabalho. Não é crime e nem proibido por lei, ter isso. O problema é se locupletar dos bens que não são do seu trabalho particular, mas são da renda de todos, ou seja, do esforço de todo mundo, fazendo com que tenhamos, obstante, uma absorção da nossa contribuição para finalidades adversas.  
Neste sentido, não podemos assumir concordância com aqueles que desviam o patrimônio público para si. Quem quer trabalhar, que ajunte com a sua capacidade particular sem necessitar usar o capital dos outros, ainda, para fazê-lo de modo desonesto. 
Aristóteles mesmo, discordava que os políticos pudessem angariar recursos próprios para enriquecimento à custa do povo, todos tinham que ter salários modestos; rendas podem existir, agora, enriquecimento ilícito, de modo algum. 
Se a gestão da res pública não pode ser feita de modo particular concluímos três coisas:
a) Seja qual for o regime político, não se pode ficar muito tempo no poder. Aliás se for um regime democrático. Apenas numa ditadura, uma facção fica no poder por muito tempo, ninguém tem o direito de usar da res publica a favor de grupos, empresas, partidos, fações, e outros movimentos que não são de interesse público mas de particulares ou determinados envolvidos 
b) A res pública é de todos e para todos, formada com o dinheiro de todo mundo, e não pode ser gerenciada também visando interesses daqueles que estão no poder, mas não são o poder que emana do povo, todavia, o poder para si mesmos, a não ser se for uma ditadura.
c) A gestão deve ser técnica visando pois o conhecimento e aplicação científica, além das visões partidárias e das coligações de interesse mútuo partidário.
No Brasil isso ainda está longe de acontecer, pois, muitos pensam na república para si mesmos, ou para alguns grupos, enquanto a res pública pertence a todos e não a determinados grupos políticos ou empresariais. 
Por este motivos os altos prejuízos que temos no patrimônio atual, uma dívida de 4,3 trilhões uma receita de 1,3 trilhões e um déficit de praticamente 200 bilhões ( dados de 2017), e a crise atual que vivemos como efeito de gestões desastradas em várias décadas, especialmente nos últimos anos.
Desde a história da velha república é assim, não deveria cedermos mais espaço para andarmos para trás, mas estamos andando...

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