HEGEMONIA DISFARÇADA
O
caráter real de conhecimento embute em sua possibilidade de produção ou
divulgação um senso de liberdade, uma escolha aberta dos temas, dos objetivos,
e um melhoramento da ciência pela pesquisa conforme as falhas que se devem respaldar, para a menor falseabilidade possível do seu esboço, ou seja, um respaldo
do tema de investigação para estes bons tons, conforme a mentalidade
supostamente já avançada de um orientador, dentro do critério já elegido pelo
estudante. Portanto, para existir um verdadeiro conhecimento a intuição e a
escolha devem ser livres, libertas de quaisquer intenções que não aquelas do
próprio individuo ou pesquisador queira trabalhar.
Neste
aspecto de liberdade, o conhecimento somente pode ser produzido por uma
pesquisa que enquadre todas as possibilidades de ostentação ou tentativas de
doutrina teórica, isto é, massivamente ou abrangentemente, aquelas propostas
que já foram mantidas por outros teóricos, e assim, fizeram-se estar na
estrutura geral daquela disciplina.
Logo,
o que estamos dizendo em palavras mais simples é que, primeiramente, o
conhecimento para ser bem produzido, deve possuir uma pesquisa livre, e segundo, lidar com todas as propostas universitárias de cunho superior.
Liberdade
de escolha, e universalidade de observação, são caracteres fundamentais do
saber científico.
O
conhecimento e a pesquisa de contabilidade não podem se restringir às
formalidades dos cursos de pós-graduação, muito menos, se resumir numa ou noutra escola, mesmo se houver uma perspectiva para determinada linha de pensamento, a
opção do investigador deverá ser sagrada.
Um
exemplo simples para clareamento é uma determinada universidade adotar uma
escola de pensamentos, mesmo assim, os seus alunos, devem possuir liberdade de
escolha dos temas, e ao mesmo tempo, lá, o ensino não pode se subscrever
somente naquelas produções que são de padrão institucional. Somente uma
instituição com estes portes pode ser considerada realmente de nível
universitário, passando disso, devem ser concebidas como quase religiões, ou
institutos dogmáticos.
Um
exemplo de liberdade universitária no Brasil está no Instituto Matemático de
Pesquisa Pura e Aplicada, o IMPA, o critério de seleção dos alunos é livre, a
base para a escolha é ele ter tido boas notas de matemáticas, ou ter passado em
alguns concursos nacionais ou regionais da disciplina. Não há idade mínima de
entrada no instituto, desde quando seja apto. A aprovação é a qualidade da cabeça
do pesquisando. Lá existem alunos com 17 anos fazendo mestrado, com carga
horária livre. Necessariamente não se tem prova das matérias, todavia, produção
específica, que conta conforme o caráter vagaroso ou não da produção do aluno.
Há pessoas jovens fazendo doutorado. E grandes gênios da matemática. Não
esqueçamos que os maiores ícones nacionais de renome internacional, da
matemática pura e aplicada estão lá. O único ganhador da medalha Fields (prêmio
Nobel da matemática), e do prêmio Balzan. O que se poderia querer mais, senão
afirmar que é um dos poucos institutos realmente universitários de nosso país.
Que mantém as duas características que falamos antes: liberdade e universalidade.
O
caráter a natureza do conhecimento superior está atrelada à liberdade, não apenas
de escolha, porque a ciência é um critério de juízo, mas igualmente, de ensino,
deve o aluno ter no seu curso a universalidade das propostas teóricas.
Vemos
que o caminho da contabilidade brasileira infelizmente não tem estes dois
pontos que caracterizam a natureza do conhecimento.
Primeiro
não existe a liberdade, e segundo não existe a universalidade.
Isso
é claro quando analisamos os tipos de pesquisas existentes e ao mesmo tempo as
possibilidades de estudo.
É
um fato lamentável, que faz segregar as pessoas, evita o crescimento cultural,
e nos faz regredir a uma escala de elitização, que se comprova, e se produz
realmente, quando a visão é restrita a meia dúzia de pontos.
Sabemos
que tanto as abordagens qualitativa e quantitativa têm o seu valor. Todavia, no
Brasil, as escolas de pós-graduação em contabilidade, fazem apenas pesquisas
quantitativas. Nada contra, o problema, está no APENAS. Não há espaço para
pesquisas de lógica de grande valor, e muito menos de gnosiologia.
Os
estudos ficam aferrados num teste de hipótese que são formuladas não por
teoristas, obstante, por qualquer investigador que não tenha bagagem específica
daquela matéria.
Aqui
não estamos nos referindo necessariamente às linhas de pesquisa, como podemos
avaliar nos sites de diversas escolas com mestrado e doutorado no qual aparecem
linhas( áreas) como:
a)
Contabilidade pública
b)
Contabilidade
metodológica
c)
Aplicações
em setores econômicos ( comercial,
doméstico, industrial)
d)
Contabilidade
gerencial... etc
Não
estamos nos portando a esta estrutura, e sim, o que dentro dessas linhas o
aluno poderia pesquisar e como o ensino é feito ao adentrar nestes “programas”.
Um
exemplo simples é fazemos uma pesquisa social utilizando a base científica da
teoria psico-social do patrimônio; isso seria rechaçado de primeira vista. Os
orientadores certamente pediriam para esquecermos tal tema. O que já destruiria
a liberdade do pesquisando.
Se
escolhêssemos avaliar o nível de resultado dos entes públicos, e compararmos o
mesmo com a situação social, utilizando certos índices de qualidade de vida.
Poder-se-ia optar por uma análise das teorias da escola alemã que concebem a
azienda como uma célula social, cuja vida interfere em outras inclusive as
domésticas. Fazendo as hipóteses e as escolhas de pesquisa, certamente seria um
outro estudo rejeitado de primeira vista.
Os
caminhos do estudo patrimonial nestes tipos de curso são feitos
inconscientemente, quando tecemos, o aludido, ostensivamente somos taxados
naturalmente como fora do padrão universitário.
Na
área pública há temas inúmeros para serem pesquisados, como fraudes específicas
e gerais, fraudes e orçamentos, equilíbrios fiscais e sociais, políticas
públicas, políticas públicas e sustentabilidade, o uso do superávit e déficit público,
os efeitos dos resultados dos entes públicos, a escala de custo, os níveis de
despesa fixa, o processo burocrática, a eficiência do serviço, a burocracia...
No entanto, quase nada disso é investigado.
O
que é mais interessante na área pública é saber colocar os dados no computador,
e assim tecer um resultado da “rolagem”.
Os
estudos de aplicações de nosso saber, não são fornecidos com bases em teorias
patrimoniais, como “estudos de produtividade de carteira comercial em empresas
do ramo varejista”, “análise do equilíbrio patrimonial nas empresas industriais”,
“leis da liquidez nas empresas de serviços”, “o custo dos bancos de atacado”,
nada disso é pesquisado, fica mais sendo um tipo de estudo econômico do que
necessariamente contábil.
O
mesmo vemos na contabilidade metodológica não há quase nenhum artigo de análise
de metodologias, ou mesmo avaliação da natureza das aludidas, tão e somente,
aplicação das mesmas. O uso de um método matemático que seja considerado de
grande força e sem nenhum entendimento é tratado hoje como a base real para uma
pesquisa de pós-graduação no Brasil. O problema não é o método, é a forma como
ele se enquadra nesta investigação de "casca".
As
pesquisas de contabilidade gerencial não tem nada haver com a mesma aplicação
da contabilidade. Se fossemos tecer um conteúdo geral do que é a contabilidade
de gestão, as pesquisas de hoje estão muito longe do que melhoraria em matéria
de decisão gestorial. E dizemos mais, se parece mais com arrumação dos
balanços, ou restrição aos custos, que é outro problema sério em matéria contábil, do que alteração da massa patrimonial.
Por
fim, temos as demais condições de pesquisa da contabilidade; em nenhuma delas
este enfoque importante de liberdade e universalidade existe, somente
determinação e unilateralidade, o que prejudica e muito a posição dos nossos
estudos incrivelmente.
O
que se avançou em matéria pública no Brasil? O que se avançou em metodologia?
O que se avançou em contabilidade
aplicada? O que se avançou em contabilidade gerencial? Nada. Parece até que há
uma justificativa os cursos de mestrado e doutorado proibirem a leitura de
livros para seus alunos, porque o que eles produzem de livros é a mesma coisa
que existiu há muitos anos atrás sem possibilidade de melhoria, muito diferente
da nossa visão que é pelo meio dos livros que apresentaremos novos problemas e
novas possibilidades de melhoramento, e podemos assim avançar nas pesquisas.
A
restrição, pois, da evolução da contabilidade apenas nos programas de
pós-graduação tem sido cada vez mais rezada, todavia, frequentemente rejeitada
na prática, pois, o que temos é um modelo de repetição muito grande, como dizem
alguns filósofos de nosso país, uma auto-hipnose, pois, quer se responder a uma
hipótese, sem estilo, apenas com largos métodos matemáticos aplicados pelo computador,
portanto, um vicio que não tem probabilidade de melhora.
Com
isso a verdadeira teoria fica cada vez mais oculta, os verdadeiros teóricos são
caricaturizados, não há espaço para a análise das teorias, e mesmo da sua experimentação,
não se produz teoria na pós-graduação quanto mais se produziria ela dentro do
contexto de obras dos mesmos partidários destas linhas? O que fazer? O caminho
está muito longo para ser visto uma luz. Ainda falta muito.
Em
recente avaliação de alguns trabalhos acadêmicos percebemos claramente que a tendência
é se repetir o que uma ou outra instituição de pesquisa de contabilidade no
Brasil faz, logo, é a pesquisa do “baba ovo”, aquela do autêntico “puxa saco”
que quer ter os favores de alguns doutores desses programas, porque sabe que
eles são profundamente arrogantes. É uma política do ganha-ganha. Esta tendência
está aumentando, e como há monopólio da pesquisa no Brasil, tendente a apenas conteúdos
americanos, a tendência não é melhorar.
Quais
são as bases institucionais da pesquisa contábil no Brasil? Temos apenas uma.
Quais são as bases derivadas? Todas provindas desta. Quantos cursos de mestrado
em contabilidade e doutorado desta matéria existem no Brasil? Poucos. Quantas
linhas são pesquisadas no tom americano? Todas. Quantas pesquisas temos
realmente de abordagem qualitativa? Nenhuma. Quantos autores são revistos da
escola brasileira? Nenhum. Quantas aplicações são feitas com bases nestes
autores? Nenhuma. Quantas instituições
temos de estudo americano? Todas. Quais pesquisas podem ser concebidas de
outras tendências de doutrina contábil? Nenhuma. Então em suma, isso é um tipo
de hegemonia.
E
a culpa não é dos americanos não, porque eles querem estudar a escola
brasileira também, a culpa é nossa.
Interessante
é que quando surgem mentalidades hegemônicas na visão de uma disciplina, ou
aparece alto dogmatismo, ou se produzirá repetições sem possibilidade de
mudança; isso é claro quem lê os trabalhos desses institutos, o que nos faz revela
a ausência de evolução, mas a repetição sem cessar daquelas mesmas visões
antropomorfas que não permitem o melhoramento do conhecimento em si.
Se
por um lado temos excesso de americanismo, por outro lado temos o crescimento
quase que espontâneo, para não dizer estratégico, de doutrinas satânicas que não
funcionam, sendo que mais de 90% dos cursos das Universidades estão amparados
em tendências políticas nefásticas, acoitando autores que destroem a lógica e o
argumento, e fazem regredir cada vez mais nossos pensamentos, desmoralizando a
cultura ocidental e deixando evidente a destruição dos valores humanos, morais,
científicos, éticos, e religiosos.
Quando uma nação está com dois extremos: um de repetição tola e ausência de liberdade,
e outro de dogmatismo exagero, e elevação do que não tem valor em matéria de
ciência, podemos dizer que a cultura está regredindo se já não estiver num
nível de imbecilização definida.
Não
é a toa, que em pesquisas realizadas pelos institutos internacionais, fora dito
que 80% dos pós-graduandos, mestres e doutores, do Brasil são analfabetos
funcionais, e os estudantes do ensino médio tiram sempre os últimos lugares
nestes testes de avaliação estrangeira, isso é nada mais do que o retrato que
estamos vivendo neste tempo de crise total do conhecimento.
Além
da hegemonia, temos o orgulho, a soberba produzida em grande parte pelos
detentores de títulos, estamos na época do argumentum
ad ignoratia e não podemos sair dele enquanto não alterarmos esta
mentalidade.
Não
digam vocês, mas não posso entender uma academia que apenas pesquisa uma linha,
que faz repetições hipnóticas, que se admite sem cessar como a dona da verdade,
que apenas segue uma tendência, ou que adota outra sem pensar, que proíbe seus alunos de fazerem leituras de certos autores
e obras, como totalização de ensino; se
tudo isto não for hegemonia, eu não sei mais o que significa esta palavra, e
posso dizer que uma ditadura de pensamento é igual a tudo o que de livre
poderíamos escolher para pesquisar quando em verdade não o é.
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