DEBATE OU DISPUTA?


Hoje nossas letras estão infestadas de falsos sábios: os que ensinam a discutir, todavia, só sabem disputar.
 Não sabem o que é um debate mas o que é uma polêmica e uma briga. O verdadeiro objetivo deles é proceder à violência, pela mera discordância de ideias. Vivemos no tempo da ausência do debate sob o nome de debate, contudo, em essência é uma disputa.
São aqueles que enganam as pessoas porque com os seus falsos argumentos não sabem dialogar mas apenas xingar.
O debate tem como princípio o amor à verdade, e não o ataque paupérrimo, provindo dos mais venais discursos.
O verdadeiro diálogo não envolve, como não pode envolver ataques pessoais.
Estas formas agressivas, violentas, e covardes provêm de gente medíocre sem talento para a ciência.
 São no fundo falsos, mentirosos, embusteiros, e falastrões. Gente da pior estirpe. E de uma mentalidade muito atrasada, quando também miopizada por fatores adversos a realidade do conhecimento.  
A obra dessa gente não se conhece e se alguém conhece é medíocre. O comportamento dos falsos intelectuais são comprovados pela abdução dos verdadeiros valores. Geralmente são repletos de ignorância, mas enganam as pessoas com suas formalidades, embora o apelo do debate deles é apenas pelos insultos e violência. Quando não mandam seus seguidores procederem da mesma forma. 
O verdadeiro dialogo nada tem a ver com a troca de insultos ou xingamentos. Isso é próprio dos que não tem repertório. Os agentes da retórica. E absolutamente falsa. Os que já esgotaram o seu estoque de conhecimentos, e não sabem comprar outros por novas leituras, porque acabou-se o dinheiro da inteligência, e o que se compra são as mesmas mercadorias de textos, repetidas, viciadas, e viciantes. Eles vão ficar sempre num giro sem fim. Passou-se a quebrar tal giro pela improdutividade vêm a impossibilidade de aceitação da sua auto-hipnose. O que fazer se não se tem outros argumentos? Nada se tem a fazer na legalidade do debate. Obstante, o que valerá agora é a APELAÇÃO.
O emprego da linguagem agressiva vem daquelas teorias assassinas e violentas que em vez de quererem observar a verdade colocam ideologias e ideias sem sentido prático e teórico na mente do falso debatedor. O embusteiro então fica colocando-se na forma histérica, como se fosse superior à verdade e autêntica relação das coisas. É um caso de doença coletiva, um tipo de hipnose social que tomou conta do cenário brasileiro. A maioria dos homens de mídia e “intelectuais” são assim. Repetem a mesma coisa, e pensam que suas unanimidades são realmente as mandachuvas da verdade. É como dizia Nelson Ribeiro, toda unanimidade é burra, quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.
Hoje não temos debates mais, temos disputas. E quando estas ocorrem, se não é com violência para alguns dos lados, é com extremo deboche. Logo, o homem não conversa mais, somente agride ao outro.
O verdadeiro debate provém do amor a verdade, e o respeito aos princípios. Quem não tem princípios não pode debater. Quem troca o seu caráter toda hora só sabe disputar. Os princípios são as bases para qualquer diálogo. A sua destruição, envolve a impossibilidade de manter qualquer conversa sadia, seja no campo acadêmico, seja no campo social.
Se alguma coisa é, que deva ser, e não pode deixar de ser em certas circunstâncias, esta é a base da lógica, todavia, atualmente não se faz isso, se usa a troca de conceitos pelo puro prazer de conveniência. Isso foi ensinado nas escolas dos trouxas, provindas de um pseudo-intelectual: “troque o conteúdo do conceito para pôr nele, aquilo que se pretende”. Com efeito, isso é teoria da vigarice, e obra de pilantragem, de analfabetos-funcionais, e de gente desprovida de ciência, trocar toda a hora o conteúdo científico para o que se quer no lugar do que devia ser. Isso é moralizar a mentira, e coadunar com a fraude. É aceitar o crime como virtude. Este tipo de sequência não chega a lugar nenhum, e bobo é quem assume-se partidário dessa linha. Será um louco achando que tem a as chaves dos céus nas mãos, as armas da ciência, porque assim foi ensinado por seus falsos professores, enquanto é absolutamente o contrário. 
 Hoje o ser humano não sabe mais discutir, especialmente os mais sectários só sabem gritar. Nunca como hoje a ferramenta dos sectários foi a agressão. Parecem que foram treinados, numa escola de gente que não presta. E que nem passa na casca do verdadeiro conhecimento. 
O xingamento, o insulto, é próprio dos falsos sábios, aqueles que enganam as pessoas com os mais refinados embustes.
Ideologia não é dialética e nem ciência, é uma ideia sectária que produz fanatismo, rivalidade, totalitarismo, paranoia, e loucura. Os que admitem a ideologia não podem aceitar de maneira alguma a verdade do outro. Aqui a ideologia não é tratada literalmente, mas como que por costume o seu sentido passou a dar: Uma IDEOCRACIA.
Todo ideologista já sabe a pergunta, a resposta, já tem a verdade na mão, e em troca dessa “verdade” fará tudo para mantê-la até matar, então xingar e ofender não será nada. Há conhecimento em pessoas com ideologia? Pode existir algum no inconsciente, todavia, como podemos assumir alguém que sabe, sendo que já tem toda a possibilidade de tese que jamais poderá ser contrariada? Isso se chama TOTALITARISMO. O que é antinômico em relação ao conceito e à ciência. Pois a ideologia em verdade deveria ser o estudo da ideia, e não o EXTREMISMO E O ABSOLUTISMO total em torno da ideia.
O verdadeiro debate não pode envolver ataques pessoais, porém AMOR A VERDADE.
Em relação a isso já dizia o maior nome da cultura brasileira, o professor Mario Ferreira dos Santos:
“Creio, no diálogo, quando bem conduzido, e sob regras rigorosas. O homem de hoje não sabe mais conversar. Ele disputa apenas. É um combate em que os golpes mais diversos e inesperados surgem. Mas num diálogo conduzido em ordem, tal não acontece. Deixa de ser um combate para ser uma comparação de ideias. Um sentido culto domina aí. Não é mais bárbaro lutador, mas o homem culto que se enfrenta com outro, amantes ambos da verdade, em busca de algo que permita compreender melhor as coisas do mundo e de si mesmo”



É um trecho da grande coleção que consagra o maior autor cultural do Brasil, senão de todos os tempos. Foi extraído de sua “Filosofias da afirmação e negação”.
Se naquela época, já na década de 60, ele dizia isso, como podemos não afirmar esta realidade hoje, ainda considerando que por decênios a cultura brasileira foi destruída, viciada e determinada para discutir e não debater? Os sofistas a falsos pensadores dominaram o cenário cultural. Hoje isso é encontrado em quase 100% de todas as escolas. A disputa e não a discussão. O xingamento no lugar do debate. E a agressão com ofensas no lugar da aceitação do não, quando este é mais lógico que a tese.
Não podemos dizer diferente, hoje o homem apenas briga, xinga, e rebate, ele não discute mais, não dialoga, não conhece as regras do debate, o que ele quer é ofender, ou seja, ne pas , per ne pas, negar por negar, por todos os meios, e em todos os instrumentos possíveis, ganhar sem ter a razão, por formas aceitáveis ou não.
Os que respeitam a técnica do debate saberão ouvir, e extrair das outras opiniões, posições para melhorar a sua.
Os que não conhecem estas regras, dirão tudo aquilo que for contrário ao verdadeiro conhecimento e crescimento mútuo, porque a questão não é saber a verdade, mas ganhar de qualquer modo um debate, seja com meios lícitos ou não.
Se a violência e o crime são justificados por gente deste naipe, haverá possibilidade de aceitação de alguma posição contrária? Claro que não.
Não sejamos tolos e muito menos crentes demais no estado cultural que ameaça a sociedade hodierna, o que estamos passando realmente é um tipo de barbárie disfarçada, uma forma de agressão dupla e desonesta, um tipo de monocracia de opiniões, com uma forma legal de mordaça de tudo aquilo que tentar sobrepor a certas ideias. E com isso a força da ideologia. Esta como amante da mentira tem sido aceita nos círculos acadêmicos considerados “superiores”, sempre com a mesma visão de repetição, e de negação da antítese dos seus argumentos, porque eles são “infalíveis”, “sempre deram certo”, embora a maioria das ideologias, senão todas, não deram certo e não beneficiaram a ninguém em nenhum lugar, e tempo da história humana. Mesmo assim o homem bárbaro, o bárbaro moderno a respeita e a quer seguir.
Os neo-bárbaros estão, pois, crescendo muito, sem regras para entender uma discussão, sem conhecimento da dialética, e perfunctoriamente apenas respeitando o totalitarismo de suas ideias, que como dissemos não funcionam em lugar algum.
O que será de uma sociedade que não tem uma liberdade de opinião e uma abertura para um verdadeiro debate? O homem atual só sabe disputar. O barbarismo está nos dias de hoje muito forte. Será que podemos ter solução no fim de um túnel? Sendo que é fácil prever que o seu fim é de escuridão completa e total? São tempos difíceis.
Cremos na vitória da cultura, e que os verdadeiros homens, aqueles dotados do grau divino, este sim saberão discutir o que deve ser melhorado e aceitar o que realmente é pleno, que não veio da invenção do homem, mas do próprio criador da existência. O verdadeiro ser humano renascerá ainda, e não como este tipo de ser bárbaro dos dias atuais. Até com certa visão de cultura, todavia, sem a educação cultural que é própria de sábios e de indivíduos que realmente sabem dialogar e conversar, e não trocar a verdade pelo puro prazer de ganhar o debate. Ademais, será que quando o mestre chegar encontrará a fé sobre a terra? Se ele não encontrar não achará a cultura, mas se achar alguém com fé sem dúvida, saberá que ele estará sempre provido de saber, pois, a crença não é maior do que o saber que afirma, ela é igual. Mormente, A vitória existirá na busca da verdade, que se encontra num autêntico debate, de homens cultos, e não disputadores. Pois, não há nada maior do que a fé e o amor à verdade, esta amiga dos gênios cultos não ávidos de interesses mesquinhos, senão a real correspondência de suas posições.
Nós temos fé nesta vitória, e temos fé que se encontrará crença na volta do grande mestre; um pouco de cultura ainda restará, embora nos dias atuais, se parece que vai perdê-la, façamos a nossa parte para acharmo-la de modo lógico e real. Que nossas atitudes concretem este intento e desiderato.
O autêntico debate é o que busca a verdade, respeitando as regras e os princípios, e não disputando, não buscando sem nada encontrar. O homem de hoje disputa muito e debate pouco, nada que um pouco de cultura não pode satisfazer e um pouco de conhecimento não pode curar concretamente.  

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