DOUTRINAS E PENSAMENTOS CONTÁBEIS – BREVÍSSIMAS REFLEXÕES DAS DOUTRINAS CLÁSSICAS MUNDIAIS ATÉ O PATRIMONIALISMO
A
doutrina é teoria voltada ao ensinamento e à cultura de determinada ciência, é,
portanto, um conjunto de conhecimentos com focos específicos em uma determinada
disciplina.
Na
contabilidade tivemos inúmeras doutrinas, cada qual voltada para tal ciência da
empresa.
No
entanto, a ciência da empresa, ou da riqueza particular, teve diversos focos
cada um enfatizando um aspecto, ou relacionado com a essência, ou com a forma
de se mascarar o verdadeiro objeto da contabilidade.
Como
a prática de revelar o patrimônio, ou ter levantamento de informações, foi
considerada por muito tempo como “toda a contabilidade”, ou até sua principal
função, pensava-se que ela era a ciência da conta, da relevação, das
demonstrações, da contabilização, ou em resumo, das informações empresariais.
Logicamente,
como voltada para a prática, sem uma teoria consistente da idéia, foi definida
por diversos estudiosos de uma sub-doutrina, devido à carência dos quesitos
fundamentais para a sua mesma caracterização.
No
século XIX que o crescimento das doutrinas científicas teve o início.
A
Itália foi o maior palco das doutrinas, sendo que das classificadas na história,
a maior parte surgiu no berço italiano, o mesmo que ofereceu inúmeras obras de
desenvolvimento na Contabilidade.
A
primeira tendência doutrinária com dose científica surgiu na Itália com
Francesco Villa (1840) este contador público, que fizera da escola de lombarda,
palco de reuniões e discussões sobre a contabilidade. Para Villa nossa
sabedoria, estudava a substância da conta, ou a sua matéria e não a sua ficção (pessoas),
que era legado do contismo.
Um
dos seus influentes discípulos e sucessor na cadeira pública, fora Giuseppe
Cerboni (1886) que fizera sua tese jurídica na contabilidade, dizendo que os
direitos e obrigações seriam os principais objetos da contabilidade; que as
pessoas, tanto as relações de deveres, são impregnadas a ponto de serem mais
importantes para nossa ciência. Logicamente, em relação a Villa houve um
retorno ao passado na teoria contista-personalista. Todavia, com mais cultura e
amplitude de verificação.
No Congresso
Italiano do final do século XIX, o professor da cadeira de Veneza, Fabio Besta
discordava completamente da visão jurídica considerando-a alheia as relações de
utilidade, pois, o que interessa à contabilidade, seria o gerenciamento, ou o
controle, todavia, colocou neste último o posto de objeto da contabilidade.
Dois
discípulos de Besta, Masi, e Zappa, fizeram doutrinas próprias sobre a
contabilidade, não somente pela influência de Besta, mas, pela condição de sua
teoria.
Zappa,
queria aprofundar a contabilidade a um nível que ela não tinha na época - tida
apenas como levantamento das informações, e sabendo que os fenômenos
empresariais deveriam ser mais amplos. Utilizando dos conceitos econômicos, criou
uma economia aziendal, ou economia da organização empresarial, ou da empresa,
para abordar todos os fenômenos dessa célula econômica. Esta teria o lugar da
contabilidade, que seria apenas levantamento.
O
nível de Zappa era muito alto, apesar que o mestre não abordava completamente
todos os aspectos que seriam altos demais até para um pesquisador em toda a sua
vida esgotar o assunto( querer criar uma super ciência). Em resumo, o mestre
pensando que nossa ciência estivesse no levantamento, criou a economia das
empresas.
Naquela
ocasião Masi, não concordou com a economia aziendal de Zappa, não que esta não
pudesse ser realizada, mas, pelos critérios escolhidos. Inicialmente, a falta
de fundamentação histórica, pois, a economia aziendal surgira com um discurso
de Zappa, e não com fundamentos históricos comprovados e salientados. Depois,
pela questão de amplitude dessa “nova ciência” que não poderia abordar
totalmente os “fenômenos da empresa” a não ser que fosse um “sistema de
conhecimento”, e não uma “ciência”. E pela sua estrutura, que não era própria,
mas, de outros ramos do saber. Logo, também devido à sua colocação que a
contabilidade seria apenas “levantamento” e “informação”. O que seria muita
pouca pretensão para a nossa profissão e sabedoria superior.
Masi,
não podia aceitar tal teoria. Imaginando a essência, e o que seriam
instrumentos de contabilidade, descobrira que até as contas e informações, não
eram a suma finalidade de nossa ciência, mas, que ela os teria como
instrumentos. Portanto, revolução existiu na contabilidade. E passando a
defender outra corrente de pensamento, quis proclamar a contabilidade como
ciência autônoma, desprovida de submissão de outros ramos do saber, e da
chamada “economia da empresa” (que lhe tivera assumido o posto como Zappa havia
mencionado).
A doutrina
de Masi se chamou “patrimonialismo”, porque desde o início foi a riqueza
administrada que moveu as contas, o controle, a relação jurídica, e até uma
dita economia da empresa.
Portanto,
Masi, levantou a sua teoria não apenas para contradizer as demais que tentavam
destruir o nome, e a qualidade da contabilidade, mas, também porque lhe fora
uma descoberta incrível. Tão lógica que até o momento ninguém conseguiu
contradizer o ponto-de-vista masiano, apenas melhorá-lo com outras posições.
Para
a lógica de Masi, e também para uma conexão geral de raciocínio de quem analisa
o patrimonialismo, fica claro que a contabilidade estuda não a conta em si,
mas, o que ela representa; os direitos e obrigações, são, pois, insuficientes
para toda uma ciência patrimonial; e que o controle e gerenciamento estariam a
serviço da contabilidade e esta a serviço do patrimônio, portanto, não poderíamos
dizer que o objeto da contabilidade seria a gestão, nem o controle, porque
estes também servem a um objeto maior que é o patrimônio. Verdade é que várias
são as finalidades de nossa disciplina, informar, gerenciar, analisar,
explicar, modelar, todavia, todas voltadas para o comportamento do fenômeno
patrimonial, e este para a prosperidade do capital, que socorre as necessidades
humanas.
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