COMO FAZER RECURSOS PARA PROVAS E EXAMES PÚBLICOS OU PRIVADOS
Nós somos eternos estudantes não paramos de estudar e de
fazer cursos, num dos cursos atuais que estamos fazendo nos deparamos com um
material e ainda uma questão a qual era suscetível de recurso. O fizemos. Aqui
daremos uma dica mínima de como fazer recursos contra questões mal elaboradas e
mesmo se eles não forem aceitos (acho difícil), é importante ao menos lutar
pelo direito à verdade e à razão.
Se fossemos olhar em todas as provas de todos os segmentos,
de todas as instituições, a maioria delas não é feita por base lógica, por
isso, fundamental são os recursos do raciocínio formal para se bem proceder a uma alteração da
visão do que se pergunta. E logo, montar os recursos.
As minhas provas são difíceis de resolver por causa disso: os
detalhes que cobro são grandes, mas minha revisão sempre foi específica, muitas
vezes cobro conceitos diretos, noutras vezes formas de se pensar, em todas elas
admito que a condição fundamental para o
aluno é saber, e pensar, claro isso incute raciocínio e gravação de uma parte
mínima da matéria senão não se faz coisa nenhuma.
Aristóteles o primeiro maior lógico, e o pai da lógica atual,
muito bem dizia que a ordem das palavras é que envolve a certeza de uma
conclusão, se eu pergunto algo vago, ou geral, a questão tem que ser ao menos
aberta, logo, a variedade das respostas se multiplica de tal maneira que
qualquer resposta poderia estar correta ou errada de acordo com a posição do
questionamento. Quando a questão é fechada fica mais fácil fazer recurso se a
resposta for vaga, se for direta não.
Perguntar por exemplo se o “homem é um animal” no sentido
biológico envolve uma certeza, todavia, se faltar o adjetivo “racional” a
pergunta se vicia e a questão de prejudica necessariamente.
O mesmo se dá em perícia quando a fazemos; muitas vezes um
advogado pergunta: “Poderia o ilustre perito dizer se houve juros”. Ora é claro
que houve, é uma pergunta sem sentido, mas se perguntasse qual é a quantidade
de juros, e quanto que ele se perfez no total do saldo devedor é outra posição
muito mais clara. A dimensão da pergunta a faz prejudicada ou não.
Temos ainda perguntas totalmente prejudicadas em perícia como
o caso de alguém exigir do perito que se responda isto ou aquilo de acordo com a
sua interpretação da lei, ora o perito não existe para tecer considerações de
interpretação do direito, ele interpretará a lei conforme a técnica que se
exige a demonstração dos valores e dos objetos em vista, tirando isto tornar-se-ia
impossível o exercício da perícia sem uma parcialidade na visão do direito. O
que não é bom e não é técnico.
Agora no caso das questões de concurso, se elas envolverem
posições de doutrina ou teoria, então fica muito mais fácil contestá-la ainda
se for em relação à uma formação de pergunta absolutamente errada. Isso
aconteceu no ENADE, numa das questões que falava de doutrina e estava
absolutamente fora de contexto e de consideração. Portanto, é uma questão nula.
Bases para o recurso
Todas as provas poderiam ser contestadas considerando o posicionamento
da lógica, e da forma de interpretação sobre o que se pergunta. São três coisas
que aferem a análise lógica: a gramática, o conteúdo interpretativo, e o
contexto da coisa. Logo, se o português se refere a algo que a interpretação se
faz inferir, num determinado contexto, e a harmonia dos três numa questão não
está correta, haverá logicamente defeito lógico, ou no discurso, que envolve o “argos”,
isto é, a argumentação sobre coisa, que é o arguir, ou o preparar bem as
teorizações sobre aquilo que se tenta ostentar.
Um mínimo detalhe pode destruir uma questão. Basta ter a
capacidade de distinção, esta própria dos que tem o nível de doutor, ou os que
dominam o conhecimento.
São cinco coisas fundamentais para se analisar bem uma
questão:
a)
Conhecimento de quem faz a questão, ou seja,
saber doutrinário sobre o assunto;
b)
Capacidade de analisar o português (análise
sintática e semântica);
c)
Capacidade de conceituar o discurso (se é um
conceito, uma propriedade, um gênero,
etc);
d)
Capacidade de conceituar a estrutura
gnosiológica do discurso (se entra numa afirmação simples, numa consequência de
tese, num exemplo, numa visão particular, etc);
e)
Conhecimento de lógica geral, ao menos dos
principais autores (Aristóteles, Leibniz, Poincaré, Bachelard, Frege, James, e
outros).
Se uma pessoa tiver os cinco requisitos poderá
discutir qualquer questão que tenha ponto dúbio, isto é, duas versões, ou duas posições
sobre o que se refere. Falo duas versões, porém, podem ser mais.
O estilo da argumentação deverá ser respeitoso.
Muitas vezes quem questiona poderá ser duro com o professor ou a escola. Se
houver recurso que gere ofensas, e respostas ofensivas por parte da
instituição, então o que defende uma questão, deverá pedir desculpas porque ele
proporcionou a mesma situação. Mas as ofensas sem sentido não aferem qualidade
de conhecimento, entram no campo da barbárie e baixaria, apenas atestam
realmente que não se há razão por parte daqueles que ofendem. Ou seja, revelam que os que ofendem não têm
razão e capacidade intelectual. Neste caso, às vezes é melhor se deixar pra lá,
ou então entrar direto na justiça.
Outra coisa é que é normal professores
questionados dizerem “eu dou aula há 30 anos” claro que este argumento não vale
para análise de resposta ou pergunta. Qualquer individuo está sujeito a erro. O
que vale realmente é a análise do conteúdo da questão. E melhor será verificar o acerto do recurso, como
reconhecimento da verdade, e compromisso ético com a dialética, do que ficar
batendo na tecla que dá aula há tantos anos. Isso não é prova de verdade
nenhuma. A análise cognitiva é do que se pede e não do currículo da pessoa. O
que se está perguntando não é o período que você dá aula, obstante, o conteúdo da
questão. Neste caso, experiência de aula em erros não quer dizer muito coisa...
Aliás, pode até comprovar que o profissional do ensino está totalmente viciado
em fazer erros, o que não é bom.
Os professores e instituições que amam a
verdade, e respeitam a dialética, deverão ter o compromisso de dizer que estão
certos ou não, em análises dialéticas, pois sempre os que têm respeito com o conhecimento,
deixarão a verdade prevalecer até sob o ego de algumas questões que se faz
quando muito bem analisadas demonstram que não temos o conhecimento que
pensamos ou que as coisas podem ser melhoradas de acordo com outros olhares.
Eis a questão importante do processo de aprendizagem.
Exemplo de Recurso
A lógica lhe permitirá avaliar qualquer questão
de concurso, ou mesmo de provas simples. Desde quando se respeite os cinco
quesitos básicos que já colocamos. Fora de um deles fica difícil discordar ou
fazer recurso. É o caso de um aluno que questionava tudo, mas não sabia e não
lia nada da matéria. Era apenas um chato. Um aborrecedor de aula. Portanto, há
diferenças de recursos técnicos das menções levianas. Hoje há mais questionamento leviano
que superior ou técnico.
O recurso tem que ser escrito para se validar como prova e não fazer a chamada "retórica de perguntas" que qualquer pessoa por mais certa e sincera que seja poderá cair e se desfavorecer. Fazer "bate boca" não é recurso, muito menos jogar a pessoa contra as suas palavras. O recurso é um ato documental. Uma forma de análise lógica contra uma pergunta, ou contra uma questão, e não é retórica de palavras ou discussões sem sentido. Isso não é prova alguma. Abalar o psicológico do professor, ou de quem está à frente das instituições, não resolveria para nenhuma das partes.
O leviano apenas quer desconsiderar a pessoa que
dá aula. O bom argumentador que avaliar a verdade sobre a questão é diferente.
De chatos e polêmicos o mundo está cheio, falta
os verdadeiros dialéticos.
Vejamos, pois, uma questão que por nós chegou
faz um tempinho:
“Networking se refere a”
Veja bem o tipo de pergunta, uma referência.
Isto é, “se refere a”. As opções são as seguintes:
“É a valorização
o ser humano em todos os seus atributos, características e sua complexa
estrutura de agir.
|
É uma competência
comportamental diferenciada, podendo agregar valor para o cargo ocupado na
empresa.
|
É uma condição
importante para o processo de entrevista de seleção, pois destaca os
conhecimentos.
|
É um processo
estruturado de formar e conservar relações vantajosas a fim de atingir
propósitos específicos.
|
É uma ferramenta
para se alcançar o sucesso profissional, pois engloba os cuidados com a
imagem.
|
Erros simples de português não invalidam as
questões, a não ser se forem erros graves de concordância verbal, plural,
predicação, etc., todavia, uma palavra errada não invalida a questão.
Aqui há um erro de português sério que vicia a
pergunta, o “se refere a”, envolve “algo”,
seria um número, ou artigo, “uma condição”, “a um tipo”, e não a um verbo “é”. Isso já demonstra um vício na questão.
Logo, a suposição está errada. Se suponho uma referência geral, não poderá ser ela um verbo, mas uma coisa, ou algo. Aqui há um erro de predicamento do que objeto
a ser definido que é networking. Este erro de português É GRAVE.
Formas de perguntas que não se casam, envolvem
erros graves, e o mesmo se dá nos livros e nas teses. Muita gente a faz de
maneira absolutamente desconexa o definindum (predicação), com o defines( substantivo),
ou seja, o que se está definindo com o objeto da definição.
Esta troca é erro de sintática, que envolve
destruição da semântica.
É erro de predicamento.
Portanto, já daria para anular uma questão.
Um erro de português, de uma palavra
necessariamente não, quando no contexto não é suficiente para destruir a
definição.
No caso um erro simples de português seria
deixar um “s” ou mesmo faltar uma letra.
Agora erros graves na estrutura também destroem
a questão, por exemplo: “O hom é um ser...”, que é o “hom” em português? Nada.
Portanto, ao nada, pois, nada se responde e nada se pode aferir. A questão está
prejudicada.
Uma questão que não estaria prejudicada
seria: “O pareceres de pericias são
conclusões e opiniões técnicas de um contador ou especialista”, a essência está
correta, mas a concordância verbal não e o
plural também. Se as demais questões estiverem falsas poder-se-ia marcar
esta sem problema algum. O que indicaria erro de forma, de concordância, o “é”
pelo “são”, mas não deixando de ser o que é o parecer pericial. O correto
ficaria “Os pareceres de perícias”, ou “O parecer de perícia é uma conclusão...”.
E assim por diante.
Mas voltemos ao questionamento analisado. Conforme
o livro, poderíamos marcar a quarta questão, todavia, ela É VAGA.
Alias todas as respostas seriam verdadeiras em
certo sentido.
Isso porque se fala sobre o “referir”.
O que é uma referência? Pode ser um monte de
coisas, desde um conceito, a uma alusão, portanto, a pergunta é vaga.
O correto em questões como essa seria fazer
respostas falsas em relação ao conceito de networking.
Um recurso poderia ser montado da seguinte
maneira com estilo doutrinário, e conhecimento de lógica assim:
“Saudações, a todos os professores, cordiais
cumprimentos.
Analisemos o que se pede:
“O networking se refere a”
O termo referir do latim significa “golpear” ou “ferir por
sua vez”, vem do termo refero( p. 821 – Dicionário do Mec), ou seja, se liga ao
conceito próprio da palavra.
Isto é, uma propriedade.
Na análise da teoria científica temos quatro discursos
básicos, um deles é o da propriedade, ou seja, característica de que é próprio,
assim destaca o Organo de Aristoteles. As propriedades são as características
de um objeto no que lhe é próprio.
Podem se referir a posses, características, aspectos, e
conceitos, tudo isso entra na forma da referência, que é a definição mais
generalista da coisa.
Neste ângulo quando a senhora coloca “se refere” a senhora
não pergunta “é”, e muito menos se restringe a um aspecto do networking, assim,
envolve sua definição às propriedades e aos diversos conceitos.
Aqui entramos na ferramenta do discurso da generatio
universum, ou seja a generalização mais que possível Schopenhauriana.
Ou seja, a senhora envolve a todos os elementos, como
posses – possui uma competência comportamental diferenciada –, conceitos –
canal que capta e distribuir informações –, processos – de formar e conservar
relações –, outros conceitos – a arte de criar, conjunto de técnicas. Estas
opções estão todas nas páginas x e y. Poderia marcar a quarta questão por ser
talvez diretinha, igual a do livro, mas no conceito de propriedade se marcasse
outra estaria correta.
Vamos à prova da generalização da propriedade, da
referência no como está colocada a questão bastaria tirar o “é”, porque se
referir a algo prescinde o “é” a senhora não perguntou o conceito, mas o objeto
direto do conceito.
Analisemos a lógica da pergunta e veja como ela se encaixa
nas questões( eu tirei o “é”):
“O networking se refere a”
“ valoriza( tem um erro de português) o ser humano em todos os seus atributos,
características e sua complexa estrutura de agir.
|
“ uma competência
comportamental diferenciada, podendo agregar valor para o cargo ocupado na
empresa.
|
“ uma condição
importante para o processo de entrevista de seleção, pois destaca os
conhecimentos.
|
“ um processo
estruturado de formar e conservar relações vantajosas a fim de atingir propósitos
específicos.
|
“ uma ferramenta
para se alcançar o sucesso profissional, pois engloba os cuidados com a
imagem.
Neste ângulo
todas estão corretas em forma. Pois
dizem respeito às referências, inclusive às propriedades, por isso eu marquei
a B e não
|
D, apesar dela
estar no livro.
Ao passo que olhando a vaguidade das opções expostas foram do contexto poderia se marcar qualquer uma, pois, elas podem em certos termos não dizerem nada. Não são opções específicas, são gerais, recortadas num contexto que não é o da pergunta também.
Então a primeira
crítica se comprova na segunda análise, tal qual esta formulada a questão.
Outra coisa, seria
a forma a qual ela está encaixada de maneira que o definidum não se liga ao
defines.
Ou seja, o
networking “se refere a”, deveria a alguma coisa, ou algo, no caso, uma ou duas, ou artigos.
A senhora começa a
questão com “É”, a senhora não perguntou o “é” e se perguntasse e colocasse as outras poderiam vir a confundir também, porque no livro a senhora diz que é
uma arte, depois que é um
processo, depois que é um canal, e assim por diante.
Portanto, veja como
não casa a pergunta com as questões.
Ou seja, não casa a
frase na lógica Hegenberguiana: “o networking se refera a ... é a valoriza.. é uma competência”. A senhora pergunta que se “refere a”, e não o que “é”, então usa o “é”
no lugar do “a”.
Assim formalmente e
gramaticalmente a questão estaria errada por causa dos vícios.
O supositio da
frase envolve um artigo, ou um numeral, não existe entre as duas coisas. Há um verbo. O que prejudica a concordância lógica da
predicação.
Além do mais se
fossemos entender a quarta questão ela também é vaga porque dizer que o
networking é “um processo estruturado de forma a conservar relações vantajosas
a fim de atingir propósitos específicos” pode se atribuir a muitas coisas, a
frase jogada na questão fora do contexto não diz nada. E dizer que ela está
certo na inversão e quebra da afirmação, é falso também.
O marketing pessoal
se faz a mesma coisa, o marketing de mídia também, a venda da imagem, etc., tudo
aquilo que for utilizado para produzir alguma coisa, em “propósitos
específicos” se referiria ao networking. E há “propósitos específicos” que não
tem nada haver com este conceito. Eu posso ir na Igreja com “propósitos específicos”,
quais são eles? Não são do Networking.
Seria pois uma questão de gênero mais que possível. Que é
outra posição erística. Generalizaria
tanto a resposta, que estaria ela falsa porque a referência é muito ampla, não envolve um “é”.
Envolve a uma série de coisas.
Ou seja, é mas
outra coisa pode ser, é e não é especificamente a mesma coisa.
Apesar do defeito
ortográfico da primeira questão o que a anula não seria o “valora” que até
qualquer professor erra, porém, maneira que
se ligou a pergunta com as opções.
Me perdoe, mas para
melhorar as falhas, é bom pôr questões ou opções as quais sejam realmente
erradas para não vir a entrar neste campo do “pode ser”.
Neste caso os
vícios da questão de “referem a” ( definição extensa):
a)
A
referência pode admitir diversas propriedades, tanto o conceito como as referências, e características neste caso, todas estão corretas.
b)
Na
referência, optando pela propriedade a letra b estaria correta
c)
Na
forma do definindum a frase não se liga, então todas estariam formalmente mal
formuladas, com vícios, e barbarismos. A
mistura do verbo no lugar do artigo. Se refere “a algo” e não a “é”, não se
perguntou o conceito direto.
d)
Se
houvesse perguntado o conceito direto, poderia ser mais coisas ainda, pois há
diversos conceitos no livro
e)
A
quarta questão ou opção estaria vaga na sua essência, porque ela foi posta
incompleta fora do parágrafo, o que é altamente questionável. Neste ponto ela entra no campo do relativo,
podendo ser ou não.
f)
Há
ainda defeitos de forma na elaboração entre o verdadeiro e falso.
Nestes termos
pedimos a consideração, e reconsideração da nossa resposta, nossa nota e
avaliação”
Esta seria uma forma de argumentação contra
questões vagas, dúbias, e dicotômicas, que temos em concursos, exames, e
provas, claro que nos carece de tempo para fazer, mas uma boa argumentação, um
bom recurso é sinal de domínio do conhecimento o que fazer-nos-ia conseguir ou
as notas necessárias, ou o posto correto dependendo do teste.
É uma opção interessante de ser feita caso
queira o aluno, contratar também um perito em conhecimento, um filosofo, ou um
lógico para proceder a uma análise da questão, se for o caso, a um doutrinador.
Repetimos em ângulos racionais e lógicos tudo
poderia ser questionado de modo muito franco, amplo, e adequado, considerando
as ferramentas do discurso, e a base da teoria do conhecimento que nos está à
disposição.
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