INDEXAÇÃO E FORMAÇÃO - Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva
O
profissional da contabilidade, lia o mesário, e se atualizava, com informação
sobre tributos, contabilidade geral, teoria contábil, análise, auditoria,
perícia, e todos os setores contábeis.
Os
artigos eram pequenos, de uma coluna, uma página. Alguns tinham duas páginas.
Eram
lidos, ensinavam e formavam o profissional.
Depois
tivemos a existência dos chamados diários comerciais, jornais excelentes sobre
assuntos de economia, direito, administração e contabilidade.
Eram
os jornais mais lidos pelos empresários, e pelos acadêmicos.
No
Brasil neste ínterim, aparece uma revista, ainda na década de 50, chamada “Revista
Paulista de Contabilidade”. Bancada era pelo Sindicato dos Contabilistas de São
Paulo. Seu editor era ninguém mais que Armando Aloe, um dos maiores da história
do Brasil, e um dos maiores doutrinadores de nossa história.
Os
artigos eram de duas páginas no máximo. Sobre diversos assuntos. Práticos e
teóricos. E com estilo, com linguagem muito decente.
A
revista paulista reuniu os maiores doutrinadores do mundo, fora os do Brasil. Era
leitura obrigatória para todo os contabilistas.
Aí
veio o governo, com a suas táticas de padronização.
Onde
o Estado põe a mão, você sabe o que acontece, como dizia Friedman, ponha o
governo para governar o Saara que vai faltar até areia.
Então,
veio a chamada “indexação”, e com esta, as qualificações da CAPES que é a
comissão de pesquisa acadêmica, na qual temos aparentemente a visão dos
“maiores cientistas” do país. Então eles qualificam de 1 a 5, ou alguns gostam
da classificação de A e E. Agora todos buscam publicada no “A”, em vez de uma
revista “E”.
As
revistas técnicas que formam o contador, o faz aprender o que deve aplicar ou
entender, tem geralmente a classificação C. Aquelas revistas por partes dos
departamentos mais beneficiados com o dinheiro do governo tem a classificação
A.
O
que tem Qualis no Brasil? Geralmente aquelas revistas que são taxadas como as
melhores; e quem dá o Qualis? Aqueles mesmas pessoas que são líderes dos
departamentos dessas Universidades, ou são membros da mesma linha.
No
Brasil por exemplo, os cadernos de contabilidade da Universidade de São Paulo,
são classificados com a nota máxima.
Todavia,
há todas as linhas na revista? Não. Só existe pesquisa quantitativa. Por acaso
a qualidade se restringiu nas pesquisas quantitativas? Então temos uma redução
do conhecimento. O que é contra a universalidade e a unidade do conhecimento.
E o
pior. Você conhecer alguma revista que promove um artigo metendo a lenha em
algum autor de contabilidade? Não? Pois, nos cadernos da mesma universidade,
tivemos menção de um artigo que era unicamente volvido para detração da imagem
de outro autor, e a mesma publicação passou por processo jurídico.
Isto
é o nível de revista qualis? Da maior categoria?
E
tem mais, se todas as revistas se centram no qualis, quais contadores aprendem
realmente lendo estas revistas? Qual aplica alguma teoria, ou alguma
recomendação? Você conhece algum? Nem é preciso perguntar, se você questionar
algum colega, a negativa será consideravelmente a mais certeira.
Outro
dia li um artigo sobre um logito e um algarismo nepperiano que o autor nem
explicar o fez, não sabia o que era... Se ele nem sabe o leitor vai saber?
Aí
temos a diferença da formação com a indexação. Antigamente se preocupava e
muito com a formação e o conhecimento do contador, hoje a preocupação é mais
com a pontuação, e muito taxativa por sinal. Ninguém entende nada, e todos
estão dando a entender que realmente sabem alguma coisa. Ou seja, estamos na
carroça sem saber o destino, mas o importante é sermos transportados por um
cavalo.... Ou um burro...
Para
terminar, as revistas realmente técnicas e de formação, para tentarem um B, ou
uma nota melhor, estão repetindo a mesma linha de auto-hipnose, ou repetição
desmedida, um séquito infinitum, de maneira que deixam de ter a formação, para
girar em torno de pesquisas empíricas que muito mal escritas não permitem a
evolução do conhecimento.
Eis
o problema, antigamente o povo aprendia muito mais, e não tinha tanta
indexação, mas hoje.... O número tá valendo mais que o conhecimento.
Paz
e Bem!
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