ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
Em todas as ciências a primeira coisa que surge como manifestação do intelecto intuitivo são as partes mais práticas.
Todo conhecimento científico, esta incrustado no empirismo, no instinto
humano; o homem só fazia não sabendo explicar corretamente as causas das
coisas, ou a causa dos fatos.
Toda ciência começa com o empirismo e
com as formas mínimas de simbolismo.
No caso da contabilidade a primeira
manifestação foi a conta, simbolismo de todo o aparato da sociedade econômica
que temos hoje conforme Werner Sombart.
As contas sempre foram representantes
dos fenômenos patrimoniais.
Vemos retratos da escrituração
simbológica praticamente 30 mil anos antes de Cristo, em ossos de rena,
expressando quantidades. Depois, vemos estas anotações estarem representadas em
desenhos, algumas até no Brasil, datadas de 15 mil anos antes de Cristo.
A técnica de assim escrever os fatos
em livros ou cadernos apropriados, primeiramente foi tida como anotação, e
depois se delineou como técnica contábil.
O homem que primeiro escriturava era
considerado braço direito dos grandes reis, e chefes de Estado, o nominado
ESCRIBA. Isto é, AQUELE QUE REGISTRA, OU AQUELE QUE ESCREVE. O contador era o
TÉCNICO MÁXIMO, o grande ESCRITOR. Todavia, dos FENÔMENOS PATRIMONIAIS.
A escrituração então, contabilmente
falando, é técnica, já as contas são as cifras representantes dos fenômenos
patrimoniais, isto é, os “nomes dos fatos”.
Escriturar parece ser fácil, mas no
fundo exige anos de estudos.
Autores das melhores Universidades do
Brasil dizem claramente que o defeito que está presente em seus alunos, é se
formarem sem saber escriturar e registrar corretamente.
Para cada fato exige-se um
lançamento. Feito por meio do lançamento duplo. Ou partita doppia. A famosa
partida dobrada, que possui todo um contexto histórico.
Em Roma antiga tinha uma visão muito
parecida com os ACCEPTI ET EXPENSIS que eram ostentados em praça pública.
Mesmo assim, a escrituração era
realizada de modo simples.
O documento de partida dobrada mais
antiga, com balanço, data do século XIII, de uma companhia italiana, donde se
tem apenas o “foglio”, porém destacando claramente o potencial que a contabilidade
possui em matéria de registros.
A divulgação sistemática ganha muito
mais voga com o trabalho de Luca Pacioli, que era matemático, e contador
empírico.
As obras de Stevin, Pietra,
Manzoni, Degranges ( pai) , Degranges ( filho), Fiori, Casanova, entre outros
se centrava na técnica de escrituração.
Os cursos de contabilidade no Brasil
formavam os guarda-livros, e estes por supremacia técnica foram apelidados de
contadores ( em Portugal se usa muito contabilista).
A primeira associação oficial do Brasil,
também era dedicada ao profissional escriturador.
Em suma, a tradição contábil se fez
com forte doutrina embasada na escrituração, e com forte embasamento
doutrinário e técnico, seja com proveniência dos italianos, seja dos
americanos.
Hoje mais que nunca é necessário
escriturar, visto que nobres professores comentam sobre a tendência de
deficiência da escrituração.
Uma hipótese interessante de ser
lançada, sobre o mal conhecimento do registro duplo, se relaciona com as normas
de contabilidade.
Ensina-se muitas normas, todavia,
para cada uma delas deveria existir um registro, muitas vezes este
acompanhamento não existe.
As pessoas decoram normas e não sabem
escriturar.
Esta é uma das deficiências.
Outro problema muito interessante é
realmente a falta de literaturas, pois, por mais que haja uma consolidação de
livros, há ausência de tratamento dos problemas básicos de contabilidade, entre
estes os da escrituração.
Por tal escrevemos esta obra apenas para
resolver em parte os problemas que temos em relação à escrituração, não esgota
o assunto, mas traz os principais lançamentos tradicionais para montar bem um
balanço, cujo processo de apuração fora absorvido e muito bem pelos
computadores.
A escrituração é a base mais técnica
da informação.
Os balanços e as demonstrações são
pois conjuntos de lançamentos, se estes não existirem a MATÉRIA-PRIMA do
conhecimento contábil não existe.
Sem dúvida é a técnica mais
importante, ainda em se tratando das informações. A utilizamos sempre. O uso de
computadores facilitou e muito a vida do contador. Para mais além do que
podemos avaliar, é impossível ter hoje um escritório de contabilidade, sem as
entradas de dados usadas pelos contadores, até porque além desta visão a
contabilidade não se resume na escrituração também.
No campo técnico é imprescindível, ao
contador deve saber analisar, interpretar, periciar, auditar, atualizar,
administrar as informações, todavia, é mister saber igualmente como escriturar
os fatos, pois, disto deriva o seu próprio nome, como “aquele que conta”.
Como alguém analisa um balanço sem
conhecer como registrar e escriturar os fatos que diz conhecer?
Por isso é fundamental o uso de
escrituração para todos os profissionais da contabilidade.
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