MEU DISCURSO DE POSSE DA ACADEMIA (A ACADEMIA MINEIRA A MAIS ANTIGA DAS AMÉRICAS)
Excelentíssimo
Senhor Presidente da Academia Mineira de Ciências Contábeis Paulo Cesar
Consentino dos Santos, a quem cumprimento a todos da mesa diretora e
administrativa da ilustre Academia Mineira de Ciências Contábeis.
Confrades
ilustres e acadêmicos, irmãos da ciência contábil.
Meus
amigos e amigas, meus senhores e minhas senhoras, boa noite!
Com
grande alegria, emoção de alma, animo de espirito, que hoje, nesta noite do dia
10 de dezembro de 2014, viemos aqui compor a tão seleta ordem de cientistas da Academia
Mineira a mais antiga do Brasil, e uma das mais antigas das américas,
considerando que mesmo aceitando o título, e a cadeira, não somos dignos de
estarmos à altura de tal insígnia ou relevante homenagem.
É
a academia queridos amigos (chamo-vos amigos porque somos irmão de ciência, e
ainda todos filhos de um mesmo Deus e criador), o palco célebre dos debates,
das urdiduras em prol da verdade, o grêmio da evolução do conhecimento, a
congregação filosófico-cultural de nossa disciplina, e sempre, o grupo livre
mas hermético daqueles que tal qual o Deus Hermes, simbolista de nossa
profissão, representam nesta linha os defensores da hermenêutica, da sabedoria,
do raciocínio, da ciência da razão.
Sim
meus queridos, é a ciência contábil, a ciência da razão, o saudoso acadêmico
Vincenzo Masi, o mesmo que homenageara a primeira Academia de Contadores da
Itália, nos seus 150 anos, em 1963, dizia que o radical latino da palavra conta
seria o mesmo do ratio, ou logos do grego, significando conta, expressão,
cifra, cálculo, mas também razão, é o logos, o mesmo que logia, é o ratio o
mesmo que razão, e a mesma extensão do que usamos em análise – em exemplo os
ratios financeiros, redituais, de equilíbrio, produtividade, etc -, e como a
análise, dizia Aristóteles é a regra prática da ciência, é a contabilidade a
ciência da análise, da razão, do conhecimento dos fenômenos patrimoniais, pois,
não existe ciência fora dos fenômenos, tal qual a medicina estuda os fenômenos
patológicos e da saúde, a física os fenômenos da matéria, a sociologia os
fenômenos sociais, é a contabilidade estudante dos fenômenos patrimoniais com
bastante propriedade e irrefutável tese.
Então,
aqui mencionamos logicamente a homenagem do mais portentoso nobre membro, o
Prof. Masi, à Academia Nazionale di Ragioneira em Bolonha. Esta Bolonha que foi
a terra da primeira Universidade no século XIII, fundada a mando do papa
Nicolau, também a terra onde viveu os grandes nomes da ciência contábil,
principalmente o papa da teoria patrimonialista (o mesmo Masi que homenageia o
grêmio), e onde surgiu a primeira academia em 1813, L`academia degli
logismofili, ou seja, a academia dos amigos do conhecimento contabilístico, ou
a academia dos logismográfos, que era a expressão conceitual de um dos nomes
mais altos da especialidade contábil europeia que definiu obras de grande
renomes o gênio Giuseppe Cerboni que criara tal método fechando o balanço da
contabilidade do Estado, e do patrimônio público, o mais difícil de ser
dominado.
Mas,
por quê a importância de uma Academia em uma ciência? O bom professor tem que
indagar e impor aos seus alunos a liberdade de procura, de pesquisa, e de
resposta. Ora, a resposta poderia ser simples: quando uma ciência é reconhecida
livre, autônoma, capaz de produzir sua teoria, o primeiro sinal é a existência
de uma Academia de Ciência, a primeira do mundo fez ano passado cerca de 200
anos de existência, e a nossa mais de sessenta anos, de tal maneira que
Francisco D´auria se surpreendia na sua obra “Cinquenta Anos de Contabilidade”( p. 312-333) dizendo no ano de 1953 quando na
fundação da Academia Paulista de Contabilidade (a nosso ver a segundo mais
antiga):
“Não
passou inobservada, no Brasil, a necessidade de criar-se um órgão de cultura
contábil-profissional. No V Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em
Belo Horizonte, o nosso ilustre colega, Prof. Joaquim Monteiro de Carvalho,
apresentou indicação no sentido de serem criadas Academias Contábeis nos
Estados. Minas Gerais já tem a sua Academia e um Centro de Pesquisas Contábeis.
Nós, acolhendo, a idéia do nosso conterrâneo, Prof. Monteiro de Carvalho, e
acompanhando os colegas mineiros, também promovemos a fundação da Academia Paulista
de Contabilidade.” (p. 313)
D´auria já entusiasmava-se com os mineiros que
já tinham uma academia, organização que achara “impressionante” já existente
desde os 1950; o sentido era o grêmio cultural, “aperfeiçoamento das ciências,
das artes” (313) é neste contexto que a nossa Academia definia que a escola
brasileira de contabilidade em Minas Gerais, destaca a nossa personalidade
dentro do âmbito nacional e internacional.
Portanto,
a Academia mostra que há uma personalidade uma autonomação (neovocábulo) um
domínio naquela região do pesquisadores, profissionais, e cientistas da
contabilidade; reconhecemos que dentro do palco da Academia conta os melhores
do conhecimento e das artes, principalmente na área científica, e reconhecemos
que estar neste palco, para nós, é elevado demais, visto que dentro de uma
cidade com 82 anos de emancipação, a nossa querida Raul Soares, este fato é
inédito, nós não temos o merecimento mesmo com o nosso esforço doutrinal, de
sequer fazermos parte de uma suplência de cadeira desta casa, sentimo-nos
honrados com tal múnus imerecidamente a nós dedicado.
Todavia,
para que serve a Academia? Ela serve sim para fazer ciência, para discutir
ciência, para produzir conhecimento; as grandes Academias produziram os grandes
mestres, não é de se pensar que em 1834 a tese “Le Tenue des Livres alle
Parties doble” consagrava o termo contábil, para 1836 Coffy, defini-la como
ciência que estudava as mutações do capital lhe sugerindo o melhor
comportamento. Isso na consagrada Academia de Ciências da França a mesma a
acolher os sistemas métricos, decimais, e de medidas, a qual saira os maiores
gênios do conhecimento e da filosofia.
Não é na universidade somente o palco de
discussão, é na Academia também, e principalmente, pois, nós temos as tarefas
como apóstolos escolhidos pela contabilidade de promover bem a sua evolução, e
esta palavra feminina, este substantivo que define a nossa ciência, é a que
mais nos atrai, nos garante consideravelmente, uma porção de filhos, pois, é do
encontro do masculino e do feminino que temos a progenitura ,e procriação, e é
aqui, do encontro dos contadores e da contabilidade, o nascimento dos filhos da
razão, ou os frutos do conhecimento, visto que é a nossa ciência a mesa razão
que dá luz à prosperidade dos empreendimento desde o antanho dos séculos.
A Academia
não é apenas uma organização, é uma responsabilidade e nós acadêmicos somos os
atuais destinados para fazer com que possamos manter a evolução de nossa
ciência. Hoje que os dogmas da contabilidade estão tão sólidos, e não há
respeito pelos acadêmicos, com as padronizações politicas, a contabilidade na
sua informação é induzida a deixar de informar direito, e ainda de explicar o
que informa, porque parece uma mecânica normativa, um rol de reproduções de
instruções, de recomendações de contas, que só representa, e não é tratada como
ciência. Ora acadêmicos defendamos a contabilidade! Ela explica, ela interpreta,
ela não é jornal de noticias nem mapa de geografia ela tem sujeitos pensantes,
seus filhos e enamorados, aqueles que raciocinam o que informam, aqueles que
explicam a informação, e não pode se ater apenas em regra de aplicação, mas, em
doutrina, ciência, teoria, princípios, isso que é Academia, é o palco da produção
de conhecimentos, da critica dos dogmas, da aceitação do livre pensar, e não de
regras mecânicas.
O
pensador tem que ser livre, o Acadêmico não pode estar ligado a forças politicas
tendenciosas, não pode ganhar dinheiro ilicitamente, não pode esta avulso à
ética, não pode aceitar o erro, não pode admitir uma idéia sem pensar se ela
realmente está correta, o pensador acadêmico não pode prostituir a sua cabeça
por meia dúzia de minhocas que existem para manter um mundo globalizado fora
dos conceitos científicos, ele não pode assediar os princípios de nossa ciência
em favor de política, ele não pode trocar o conhecimento pelos grupos políticos.
Quem faz a ciência é o homem, não são as
instituições, estas surgem por nossa vontade, a contabilidade não é norma, a
contabilidade não é politica, a contabilidade é ciência, portanto, tudo que é
cientifico tem que ser criticado, revisto, melhorado, não há conteúdo pronto. Onde
há politica tudo se acaba na ditadura, e onde há conhecimento nada se acaba,
portanto, não há dogmas, não há padrões, há sim modelos, há ostentações de
visão, há programas de pensamento, e projetos de pensar, há propostas de raciocínios,
e não obrigações de cumprimento de regras, não somos meros contabilistas, ou
meros contadores, ou seja, aqueles que apenas obedecem a escrituração, nós
pensamos as contas, e pensamos os balanços, e pensamos as empresas, e pensamos
o que pode estar errado, tanto nas empresas, quanto nos balanços, ou nas bases
que estes fomentaram, ou seja, nas regras mecânicas que politicamente se impõem,
mas não há discussões sobre isso. Estamos na era do dogma. Ou seja, a
contabilidade virou a teologia do dogma, uma religião, uma ditadura, uma
politica. Não! A contabilidade continua sendo ciência e nós temos que defendê-la.
Mas
o que a Academia faz? Já dissemos: ela
explica o que acontece com a nossa ciência e dispõe como evoluir. Ora isso é
muito comum na verdadeira linha Acadêmica
Cientifica. Vamos recordar o que disse um dos maiores acadêmicos do Brasil,
um dos oradores, e diretores da Academia que foi José Amado Nascimento que
perguntava: “por que dizemos ciências
contábeis? E por quê ciência?” Isso que levou a um dos melhores livros de
doutrina brasileira do professor Erly Poisl no qual responde a pergunta: ela é
ciências contábeis porque tende a querer mais, ela plurifica o seu substantivo
porque é amplamente infinita, abrangente, holística, geral, e é ciência porque
domina a arte, e não se confunde com a mecânica de contas, ou seja, tem o domínio
do explicar.
E
isso que é a Academia propõe fazer, uma nova ciência dentro da própria ciência.
Por quê contabilidade? Por quê patrimonialismo? Por quê neopatrimonalismo? Por quê
somos acadêmicos? Por quê dogma? Por quê IFRS? Por quê critica? Por quê análise?
É isso que a ciência faz, e os acadêmicos
tentam explicar estas perguntas como se nada houvesse comprovado sobre aquilo,
tal como sugeria Descartes, mesmo com embasamentos já produzidos. Assim quais
são as novas regras do equilíbrio, e ainda, da liquidez, do resultado. Existirá uma nova
teoria do resultado que pode incluir o prejuízo como benéfico no curto prazo? O
que é redivitidade, resultabilidade, redibilidade, redimibilidade? Por quê
acrualls? O que é lucro real do patrimônio, qual é o grau de prosperidade como
se pode medi-la; por quê fortuna, por que eficácia, e como se aplica isso macro
no nível geral e micro contabilmente no nível especifico? Portanto, a Academia inspira
aos acadêmicos a perfazerem novos problemas de conhecimento.
A
universidade é irmã da academia mesmo quando temos obrigações no seio desta de
seguirmos a linha política, sabemos como Dizia Rubem Alves que o pesquisador
das universidades em 90% dos casos, são proibidos de escolher temas, há a mesma
tendência na universidade contábil, porque hoje ela serve à metodologia, mas na
realidade a metodologia tem que se integrar na ciência, não pode ser apenas
quantis mas qualis, a ciência é a junção de qualis e quantis, de maneira que possa
mensurar e explicar, e neste sentido a contabilidade não pode ser prisioneira
de uma metodologia, esteticista. Não! Esta que serve a contabilidade nos
problemas doutrinais e teóricos que possui, e não em invenções falsas de teorias,
que na verdade só tendem a fazer pesquisa para cumprir as hipóteses, ou seja, Será
que o processo de pesquisa gnosiológica de nossa ciência ainda está preso na
mecânica de resposta de hipóteses como se esta não fossem integradas, mas
partes do processo, não podemos admitir esta visão reducionista mas ampla.
Por
fim meus queridos, agradecendo a todos os confrades, e ilustres acadêmicos, e
os irmãos, amigos que aqui vieram, agora eu elevo o meu pensamento a Deus, ao
eterno sem fim e nem inicio, que nos faz imortais pelo próprio presente de
nossa existência, ao meu pai, que está no céu, no plano sublime junto do
criador não criado, do Pai Eterno, do amor puro, do Senhor de todas as
criaturas, a ele elevo o meu pensamento, a Deus e a meu pai agradecendo a sua instrumentalidade
de fazer-nos vivo devido a vontade de Deus, ele que também é imortal e sua alguma
dúvida, viaja ao lado de Deus eterno e criador do fim e do principio. Ao meu
imortal papai, pois todos somos imortais também, elevo o meu agradecimento e a
homenagem de entrega dessa insígnia, abraçando a todos de minha família, minha
mamãe Eva, a Juliana, e o Tiago.
A
vocês, reitero que o nosso trabalho será muito grande, nossa responsabilidade
como novos acadêmicos, e também aos antigos, exigirá muito talento muita vontade,
muito trabalho, não pensem vocês que será fácil, ao contrário será uma cruz muito
pesada, mas que Deus nos fará leve, visto que ele que criou a contabilidade,
dando o primeiro patrimônio aos primeiros seres, para que cuidassem da sua
administração visto a sua ordem de obediência que jamais pode ser transgredida
por nós que gerenciamos os patrimônios pela e para a prosperidade e não
usufruamos os mesmos para fins particulares, aéticos, ou interesseiros, induzindo
a ciência imparcial, técnica, neutra, e profissional a fins políticos que não condizem
com a nossa realidade.
A
todos o meu abraço, minha boa noite, felicidade e sorte a nos acadêmicos que
Deus nos abençoe, que a contabilidade seja mais amada por nós todos.
Como
deseja o Francisco da pobreza, da humildade, da pureza (aquele que se tornou herói
renunciando o mau uso da riqueza, promovendo o seu bom uso, Toda a paz e todo
bem a vocês! Paz e Bem!
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