AS ORIGENS DA “ESQUERDA” E “DIREITA” NA CIÊNCIA POLÍTICA GERAL
Prof. Rodrigo
Antonio Chaves da Silva
Contador,
historiador, ganhador do prêmio internacional de História da contabilidade
Neste
artigo pequeno, conceitual, cumpre relevar os vários pontos fundamentais dessas
duas doutrinas: uma conservadora,
republicana, mais apegada à religião tradicional, aos princípios e clássicos,
e a outra revolucionária, libertária,
estatista, democrata, volvida a uma religião mais natural e evolução social.
Ambas
formaram as noções e práticas do que conhecemos como política econômica geral,
que se utiliza na atualidade.
Aqui
não trataremos de paixões e muito menos de partidos, mas da origem filosófica
das duas vertentes que fazem uma tensão na democracia.
Ambas
começaram com teores FILOSÓFICOS. Infelizmente, a partir do marxismo se
impregnou o conteúdo de IDEOLOGIA, numa delas, como sinonímia de IDEOCRACIA, o
que prejudicou como prejudica muitas vezes o debate.
O conteúdo extremista na “filosofia”, ou
melhor dizendo, na política, produz discussões agressivas, com posições sociais
que podem perturbar a ordem, como vemos os exageros nos meios televisivos:
pessoas por conta de partidos e “deuses” quebram tudo e cometem vandalismos. Fazem
inimizades e acham que seus candidatos são perfeitos. Interpretam mal. Atitudes
lamentáveis, inaceitáveis e criminosas. Não corroboramos com tais ações
fanáticas, sectárias, e alucinadas. Estas poucos contribuem para o debate e a
resolução do problema social.
Mas
a “esquerda” ou a “direita” não começou desta maneira (embora com grande
urdidura), ao contrário, veremos, pois, como tudo iniciou
Inicialmente
cumpre dizer que é bastante, às vezes, excêntrico, dizer “esquerda”, “direita”;
ou “eu sou esquerda”, “eu sou direita”; esquerda ou direita são direções
físicas, não fariam sentido para conteúdos lógicos ou científicos. O que
diferenciou as duas posições foram filosofias e pontos teóricos de visão e não ângulos
físicos. Muito menos havia “ideologia”, termo muito mal usado hoje e característico
de fanatismo.
O
termo ideologia, corretamente analisado, indica nada mais do que análise de
ideias, estudo de idéias, mas no Brasil e no mundo, a ideologia se identificou
numa das vertentes, e a política se pôs como posição sectária, pior que isso muitas vezes, não disposta à
evolução e ao debate adequado e sincero, sem agressões, tumultos e vilipêndios.
O sectarismo sempre prejudicou todos os debates em todos os campos. O ser
político deve estar disposto à evolução e a escolher uma ideia que seja a mais
acertada, inclusive mudar de posição quando se ver convicto a fazê-lo, mas
respeitando os bons costumes, os princípios gerais da humanidade, da virtude,
da religião e da bondade.
Este
conteúdo sectário é o que vemos atualmente quando se penetrou a ideologia na
política, de tal sorte que alguns candidatos mesmo com o passado de corrupção
são gritados como deuses, enquanto outros que não são corruptos, são colocados
como pecadores no mais alto grau, sem contar o problema da corrupção que é
institucionalizada para alguns partidos, até incentivada ou permitida como algo
natural, tivemos até candidatos presos tratados como mártires e santos! ... Enquanto
para outros candidatos, apenas as frases são analisadas, totalmente fora do
contexto, de tal sorte que quaisquer falhas são identificadas como penalidades
sujeitas ao inferno, e com isso o debate não fica filosófico fica um tipo de
disputa.
Com
a hegemonia do discurso para um lado, que se coloca mais “vitimista” e mais a
“favor de todos”, com o “patrimônio da moral”, e o “domínio dos costumes”, é
difícil ter boa conversa. Sabemos hoje que este tipo de discurso é mera
retórica. Os que assim agem são exclusivamente para vetar o outro lado, ou
outras posições divergentes.
Hoje o homem político não discute a política e
muitos não reconhecem os erros de alguns partidos ou de algumas ideias. Todos os
pontos dos extremistas e sectários são admitidos sem análise, e são colocados
de tal maneira que esta ou aquela posição não possa ser questionada. Para quaisquer
lados deve existir discordância desde quando haja uma importante dialética,
provas, e uma discussão em torno de tais problemas. Tal como o concorde para o
que é certo deve ser primordialmente devotado. Agora se há negação dos princípios
fundamentais do ser humano e da racionalidade é complicado um debate...
Lênin
quando criou a esquerda na Rússia, criou o
partido social-democrata, mas haviam os mencheviques que eram membros do partido, porém tendentes mais para
a visão conservadora e constitucional do que as do partido como se as deste
fossem absolutas. Isso (os mencheviques) para ele era inaceitável como dono do
partido. O partido que era a lei, e a voz de Lênin que soava. Portanto, toda e
qualquer posição contrária a este ponto, por ele, era rejeitada francamente. Aqui
não temos política mas ditadura, tirania, e absolutismo, onde não há discussão
pública não há política sadia. Não existe política, com a aceitação de apenas
um ponto de vista. Este ponto não será analisado aqui, mas as verdadeiras
origens.
Nos
Estados Unidos os democratas são a esquerda, na visão antes explicitada, e os
republicanos são direta, na outra visão. Eles estão mais próximos das visões
originais. Aliás cumpre fazer uma informação: os republicanos mantiveram a sua
doutrina original, mais incólume, por isso o adjetivo de “conservador”, já os
democratas, ou a social-democracia, muito corrompida pelo marxismo, teve a
alteração por diversas vezes da sua base teórica, embora com a mesma
finalidade, porém, a ideologia gerou problemas sérios na sua estrutura, e na
conduta dos seus participes. Não acusando a ninguém, embora os fatos revelem
claramente o que estamos dizendo. O extremismo não pode ser aceito de forma
alguma em nenhuma das partes. É fundamental numa democracia que se convivam as
duas vertentes com certa contrariedade de ideias mas com harmonia.
Um
lado tem que aceitar o outro, este que é o giro democrático, mas a produção do
sectarismo, do extremismo, da corrupção institucionalizada, da hegemonia da
moral e dos princípios que prejudicam muito o debate político.
Muitos
atribuem à revolução francesa em 1789 a origem de tais termos, com os jacobinos
sentados à esquerda a favor da revolução, e os girondinos sentados à direita a
favor do rei. Um “a favor dos pobres” e “os outros não”. Claro que esta taxação
é bastante fantasiosa. E oportunista. Dizer que um é o “bonzinho” e o outro é
“mau” é uma incoerência com os fatos, e a tentativa de se pôr uma hegemonia num
dos lados com o domínio da “moral”. Estas visões pejorativas são sectárias e
ideológicas. E a origem não é esta necessariamente. Ela é mais antiga um pouco
começando em 1756 com a primeira obra do pai da doutrina conservadora.
Em
realidade os debates de um lado e outro nunca foram ligados aos pobres
necessariamente, mas aos rumos da administração pública, ou a forma de
administrar uma sociedade. São linhas sociais e não necessariamente linhas de
filantropia. É num ponto absurdo mas se convencionou dizer “esquerda” e
“direita” para dar-se monopólio para um lado. Mas francamente esta alusão não
compete aos verdadeiros fatos.
A
visão de direita é ligada à conservação dos costumes, ao uso da
república para fins sociais e técnicos, à ordem, ao respeito à religião cristã
ou judaica, ao tradicionalismo, e a liberdade do ser humano dentro do respeito
à estrutura, o respeito à autoridade e à hierarquia, este viés que criou
uma filosofia, e nesta se incute a forma política.
A
visão de esquerda ligada a uma
aceleração ou mudança dos costumes, uso da república para fins específicos e
também sociais, à liberdade porém mais excessiva num libertarianismo, a uma
mudança rápida da sociedade, a uma religião natural, com visões metamorfósicas
dos conceitos, mudanças na hierarquia, na estrutura do Estado, e uma liberdade
maior do ser humano, que criou uma outra filosofia que incute a forma
política.
Perceba
que são visões importantes. Ambas devem ser respeitadas. Aqui não trataremos da
visão extremista. Mas da origem de tais termos.
As
filosofias originais, eram, pois, bem diferentes, ao menos teoricamente. A
direita pouco mudou, o início da esquerda nada tinha de marxismo, só a
aparência. Nós que estudamos com afinco esta doutrina marxista, por muitos anos
- claro que não nos faltaria a oportunidade de dissertar apenas sobre ela
economicamente - vemos que a origem real da esquerda não era o marxismo e nem o
socialismo, ao contrário as ideias liberais e econômicas provenientes do
ILUMINISMO.
A
primeira filosofia que estudaremos é a de esquerda criada por Thomas Paine.
Nasceu
em 1737 no sul da Inglaterra seu pai era quacre e sua mãe anglicana, foi
batizado na Igreja da mãe, mas participava de ambos os cultos, era um grande autodidata, um extremo orador, mas
sabia também utilizar a palavra para obter grande favorecimento.
Era
de origem mais pobre, contra a corrupção
literalmente, e o favorecimento de algumas classes em detrimento de outras,
mas era a favor das classes, embora
com grande alteração e mudança.
Gostava
da agitação política e era tendente a aceitar a revolução e a mudança constante
da hierarquia.
Como
era contra a corrupção, seu primeiro panfleto foi de denúncia destes atos ilícitos: “The
Case of the Officers os Excise” (O caso dos oficiais de coletas de
impostos) denunciando a perversão de uma das classes inglesas.
Ele
era da doutrina liberal, ou melhor
dizendo, das ideias do iluminismo, por
incrível que pareça (nos Estados Unidos e Inglaterra, o termo liberal é para a
esquerda, e o termo conservador, exclusivamente, para a direita, mas nestas
culturas onde surgem os dois termos, a visão da esquerda liberal permite
inclusive a venda de patrimônios públicos, no setor conservador ou republicano
não, e sim a gestão técnica, com a visão separada do mercado com o seu papel
importante. No Brasil e na América do Sul se uniu as duas versões – como se a
direita fosse liberal, no fundo ela é a favor da liberdade, mas não libertária
-, embora de modo errado, a liberdade no fundo é aceita pelas duas filosofias,
isso originalmente, todavia, o libertário no sentido de que tudo é livre e
mutante no ângulo social é próprio da esquerda, enquanto a direita apenas mantém
a tradição e mudança prudente da sociedade dentro dos critérios de hierarquia).
Aceitando
as ideias do iluminismo pensava que o homem é um ser exclusivamente natural-racional, portanto, constantemente fixo
na natureza, mas inconstante nas ações, não devendo aceitar a tradição, mas
voltar às origens, ao tempo anterior, assim retornando ao racionalismo, e ao
libertarianismo constantemente.
Ele
acreditava que o Estado deveria intervir
mais na vida do ser, de tal sorte que aqueles que mais precisassem dele,
fossem por ele ajudados, portanto, era a obrigação do Estado assim fazê-lo.
Igualmente,
pensava que a idéia de justiça tinha que
prevalecer com a de igualdade, e que o Estado deveria igualar a injustiça
por força de indenizações, desta maneira que não houvesse desigualdade pela assimetria
pecuniária que o Estado tentasse resolver e determinar.
Era
favorável à constante mudança social,
mas não do homem no sentido que a sua natureza, de animal racional, não deferia
mudar, contudo, deveria ele voltar às origens, às épocas mais bárbaras.
A sua visão de
religião não era tradicional, todavia, sim, natural, isto é, a religião
seria um tipo de naturalismo, meio
pagã, e não aquela tradicionalmente colocada.
Não era tão
favorável à hierarquia do Estado, mas à constante mudança, de maneira que
para reduzir a desigualdade provocada pelo governo, este deveria mudar sempre,
e qualquer classe deveria assumir o poder desde quando o mesmo poder lhe fosse
dado ou até mesmo tomado. Por tal mais favorável à agitação pública em
defesa desta mutabilidade.
Era
a favor da revolução e da alteração
constante da sociedade, mas do homem natural não, embora dissesse que ele
poderia escolher o seu tipo de religião deixando-o voltar para o estado
primitivo.
Pensava no
futuro e nas decisões normais como que feitas para o futuro e não com base no
passado, ou na tradição, portanto, da alteração constante do governo, que
mesmo errando, deveria ser modificado constantemente a sua noção
administrativa, para novos pontos, e novas ideias.
A
filosofia de direita, em verdade, surge com um advogado e político chamado Edmund Burke, especialmente na sua obra
“A vindication of Natural Society” (uma
defesa da sociedade natural) a qual apresenta suas ideias.
Ele
era católico, nascido na Irlanda em 1729, tinha um apelo para as artes e para
os estudos, gostava dos clássicos, era um grande orador sendo eleito para a
Câmara dos Comuns por três vezes. Vinha de uma família tradicional e abastada.
Tinha talento para a música e para a literatura.
As
ideias de Burke centravam em diversos pontos que aqui resumiremos: a questão do historicismo, a liberdade
humana, a tradição, o respeito à ordem, a religião tradicional judaico-cristã e
a prevalência dos costumes.
Para
o cientista político toda a sociedade não estava necessariamente num tipo de
evolução para o futuro, mas tinha alcançado a sua realidade com base nos erros
e acertos do passado, assim a base principal para se estabelecer a sociedade
era naquilo que ela comprovou no passado,
por isso a mudança social não poderia acontecer de maneira veloz, desde quando
não se olhasse o que aconteceu, e se apelasse para os fatos da experiência.
Defendia
que o homem era um ser natural, dentro de uma sociedade historicamente
composta, mas que socialmente não poderia se alterar com velocidade, visto que
o suposto retorno à mudança, e as origens da humanidade, seria um retrocesso à barbárie e ao barbarismo, por isso não mudaria o homem como ser natural e nem
como ser social, e qualquer mudança seria lenta.
Reconhecia
o retorno ao passado para a sociedade, mas
o homem nesta tradição deveria se manter, olhando para o futuro mas com base no
que se fez no passado.
A
liberdade humana era um direito de todos,
desde quando a maioria respeitasse a minoria e vice-versa.
A tradição e os
costumes eram princípios invioláveis, de tal maneira que o homem poderia
alterar algo da tradição contudo muito vagarosamente, não haveria pois, mutação
constante, mas sim uma posição prudente frente ao futuro e ao presente.
Como religioso era
a favor da religião que se atestou no mundo ocidental que é o cristianismo, não era a favor
de alterações religiosas, amoralidades, muito menos ideias contra a religião, ou
religiões naturais, pagãs, paganismo e seitas, mas que os costumes fossem
respeitados, que tal a tradição religiosa, e aqueles que não se adequassem
nestes costumes pudessem se manter respeitando-os, pois, com certa reserva nas
escolhas particulares, para não destruíssem a sociedade.
O Estado jamais
poderia intervir na religião, nem na família, eram princípios estes inquestionáveis;
caberia ao Estado apenas ajudar ambos setores sociais a se manterem em harmonia
dentro do seu critério particular.
O mercado tem o
seu papel importante e reconhecido historicamente, e o Estado não
pode intervir na vida do homem, nem prejudicar ao mercado, a república deve ser
gerenciada de modo técnico e por pessoas patriotas.
Era a favor de
uma justiça dentro da ordem, criar direitos e obrigações que não existem e que destroem
a ordem não era possível para ele, e quando fossem possíveis, os danos seriam
muito grandes, a se contar a revolução francesa cuja tentativa de justiça
demorou anos para manter uma ordem adequada.
Ele
sabia dos problemas das revoluções que destruíam as sociedades e provocavam
prejuízos tremendos, por tal motivo era
contra a revolução, ou quaisquer ideias revolucionárias.
Igualmente
era a favor do respeito da hierarquia,
como ele dizia que acreditava em Deus e nas autoridades constituídas, portanto,
era a favor da estrutura hierárquica de tal sorte que o respeito e a submissão
deveriam existir.
O homem é
responsável por si,
portanto, o Estado não poderia intervir no indivíduo, embora pudesse intervir
na sociedade de maneira prudente e necessária, sobretudo, não e nem sempre. O
indivíduo e a família seriam responsáveis por si mesmos cabendo ao Estado
apenas supervisionar e manter a tranquilidade e os costumes que cada lar
produzisse.
Há
visões parecidas mas divergentes com relação à liberdade, à religião, à
hierarquia e ao papel do Estado.
Paine
é em parte conservador quando diz que o homem não muda como ser natural, mas é
liberal (esquerda) quando diz que o homem social deve voltar às origens e
mudar-se constantemente. De tal maneira Burke é um pouco liberal (esquerda)
quando diz que o Estado deve intervir em alguns pontos, mas conservador no
favorecimento do papel do mercado e da república, além dos costumes, da
tradição, e da família.
No
início os dois eram amigos, jantavam e até bebiam cafés juntos.
O
desentendimento de ideias começa quando Paine queria que a revolução americana acontecesse de qualquer maneira, sendo ele contra
a monarquia, enquanto para Burke isso
era grave, a destruição da ordem, e a
possibilidade de reconstrução da república da Inglaterra e até da colônia
demoraria muitos anos (embora esta, a americana, foi a que menos efeitos
teve, pois a revolução na França demorou quase cem anos para uma estabilidade
social, mas a revolução dos Estados Unidos não mais que trinta anos).
A
discordância principal era em manter a ordem e aceitar a revolução.
Quando
Burke soube que Paine era a favor da revolução e contra a coroa, se assustou e
procurou imediatamente lutar contra tal ideia no parlamento. Começa a editar
seus livros e panfletos. Mas Paine como passional orador excepcional, prolifico
escritor, ganhou muitos adeptos porque sabia convencer a massa, e tinha um
talento extraordinário em produzir muito tal qual convencer a muitos, chegando
até a criar grupos para perseguir Burke.
Após anos de desavença, em umas de suas cartas,
Burke dizia com um amigo, que os pontos de vistas eram parecidos com pequenas
discordâncias, mas Paine lhe ficara inimigo. Morrendo este nos Estados Unidos,
na nova república, e Burke se sentindo ameaçado até depois da morte – porque seu
túmulo foi violado pelos sectários de Paine -, pediu aos seus que o enterrassem
em um lugar que não fosse o da indicação para preservar o seu corpo.
As
idéias pareciam ir mais para Paine porque ele sabia convencer as pessoas, Burke
tinha muitos sólidos axiomas, mas no fim das contas parecia ter perdido a
batalha no caso da revolução americana, mas as ideias deste ficaram muito
solidas para montar as bases do conservadorismo inglês e mundial, e no pós-revolução,
porque o país que mantém a tradição do republicanismo e do conservadorismo é os
Estados Unidos, embora lá exista muita gente da outra linha.
Ambos
eram a favor da liberdade humana em ordem diferentes, da justiça e ordem, do
uso do Estado mas com pontos diferentes, da religião com óticas específicas;
estas eram as visões iniciais.
Já
havia um dote de inimizade da parte de Paine para com Burke, embora este se
lamentava, querendo pois manter um diálogo, aquele não permitia.
A
esquerda depois, com o advento do marxismo, deixou-se impregnar de muita
ideologia, o que de certa forma atualmente prejudica o debate, mas
originalmente não era assim, ao contrário, a sua base era iluminista, e literalmente
a favor da liberdade humana contudo não do tradicionalismo.
As
duas tensões, as duas vertentes, devem existir para o bem da democracia. O
importante sempre, como dizia um padre amigo meu, é “ser para cima”.
Nós
acreditamos que o Estado deve intervir moderadamente, e somos a favor da liberdade
humana, da sua mudança lenta. Igualmente da justiça e da ordem. Somos favoráveis
à hierarquia, à autoridade e à religião tradicional. Somos a favor da racionalidade
e da disciplina. Somos a favor do comércio e do mercado. Mas que o Estado também ajude aos mais
necessitados e permita melhorar a sociedade, todavia, de modo ordenado, tal
como as empresas podem fazer também este papel não apenas pagando impostos, mas
incluindo por meio de empregos aqueles que necessitam, além de fazerem doações.
Há muitos pontos políticos positivos a serem ressaltados. Ambas posições têm
pontos excelentes de visão. Mas os extremos não devem ser favorecidos de forma
alguma.
Quer
escolher uma? Fique à vontade. Mas sempre respeite o outro lado sem violência,
e sem agressividade. Sempre é melhor ser “para cima”. Os extremismos são
inaceitáveis. Muitas vezes o equilíbrio entre as duas seria o melhor sinal, ou
a melhor escolha. Ambas têm limitações e pontos positivos. Mas cada um com a
sua liberdade de opinião. Seria a opinião aceita por ambos filósofos Thomas
Paine e Edmund Burke.
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